quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A carta


Faz algum tempo que você não fala comigo ... Eu sinto muito a sua falta, mesmo sabendo o quão ruim você me faz sentir e como você fingiu sempre ser o filho que me amava ... Eu percebi que você sempre foi assim, você nunca realmente mudou daquela criança que eu me apaixonei muitos anos atrás...

Você tinha raiva mas fingiu amar para que as pessoas pudessem lhe amar também, mas no fundo você sempre teve aquela raiva. Raiva da vida, do fato de que você não nasceu em uma família perfeita e que teve que aguentar ver os outros que pareciam viver uma vida perfeita... e você o tempo todo tendo que se ajustar a felicidade dos outros. Raiva de Mim por deixar tudo isso acontecer bem debaixo do Meu nariz. Raiva de tudo e de todos por não lhe entenderem de verdade.

Você sempre procurou pessoas e coisas que se pareciam com você e a sua raiva e sempre que você as encontrou, se apegou a elas facilmente...

Recentemente você se apegou a essa coisa que lhe tem usado, tirado a sua pureza, te machucado, machucado a sua família, seus entes queridos, amigos e acima de tudo, Eu... Mas você, bem contente, a seguiu. Finalmente você conseguiu deixar toda aquela raiva que tinha dentro para fora e ferir todos que já lhe amou.

E ainda aqui estou eu, escrevendo para você... você me fez um Pai e eu nunca posso deixar de ser seu Pai. Não importa o que você fez, o que você faz, e o que você vai fazer. E por isso eu estou aqui, tão ferido por tudo que você fez e ainda faz... sempre para me colocar para baixo, constantemente.
Agora tudo que me resta é o que você vai fazer de agora em diante.

Por dn. Cristiane Cardoso

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